A ideia de que aquisição e aprendizagem de uma língua são processos distintos surgiu nos anos 70 e foi introduzida pelo linguista americano Stephen Krashen, que a nomeou Acquisition-Learning Hypothesis. De acordo com esta teoria, o processo de aquisição de um idioma é o que acontece durante os primeiros anos da infância, quando a criança começa a usar a linguagem oral para se comunicar com as pessoas ao seu redor e para interagir com o ambiente. Nesta fase, a língua é usada como ferramenta para atender desejos e necessidades. É através da ânsia e do instinto de socialização que a língua materna é usada e, no caso de crianças expostas a dois idiomas desde o seu nascimento, é possível que ambos sejam usados para este fim. A aquisição da língua ocorre de forma orgânica e inconsciente, e não há instrução formal da língua – há uma assimilação natural da mesma. Esse processo ocorre de forma espontânea e não requer esforço por parte da criança. Além disso, o foco da comunicação está na mensagem sendo transmitida e não na forma gramatical e precisão linguística. Assim, o resultado da aquisição é o desenvolvimento de habilidades linguísticas.
Por outro lado, o processo de aprendizagem de uma língua acontece quando um segundo idioma é introduzido depois que o primeiro já foi parcialmente ou totalmente adquirido. Adolescentes e adultos, por exemplo, aprendem uma segunda língua, e não a adquirem, já que nessa fase é necessário que haja instrução formal e explícita da língua. Isso geralmente significa que mais foco é dado à forma e gramática e menos ao conteúdo das mensagens em si. A aprendizagem de um idioma é um processo consciente e usa a primeira língua como base para a construção do conhecimento a respeito da segunda. Assim, o aprendiz conta com o que já sabe em sua língua materna enquanto aprende a outra língua, muitas vezes utilizando a tradução como recurso. O resultado, nesse caso, é o desenvolvimento de conhecimento sobre a segunda língua e não o desenvolvimento de habilidades cognitivas na mesma.
Guadalupe Valdés, pesquisadora e autora dedicada às questões relacionadas à aquisição e aprendizagem de idiomas, afirma em seu livro Learning and Not Learning English que o aprendizado de uma segunda língua compreende a construção ativa do conhecimento por parte do aprendiz. Em suas palavras, “the acquisition of a second language proficiency is not identical to the acquisition of a first language. Learning a second language involves active construction on the part of the learner (p. 19).”
Os processos de aquisição e aprendizagem de idiomas, portanto, ocorrem de formas distintas, e são processadas de formas diferentes pelo aprendiz. Considere essas características e especificidades quando for lecionar um idioma ou quando considerar a introdução de um segundo ou terceiro idioma para seu filho.
Gostou desse artigo? Compartilhe-o com seus contatos através das nossas redes sociais! Se você deseja dar sua opinião ou tirar alguma dúvida escreva-nos um email.
Deixar Um Comentário
You must be logged in to post a comment.