Todo início de ano traz consigo algumas inquietudes e ansiedades – um nervosismo que aflige professores novatos e experientes, pais e alunos. Essa sensação pode ser ainda mais intensa quando se trata da escola bilíngue. Este cenário de ansiedade geralmente ocorre porque muitos pais e professores estão embarcando na jornada do bilinguismo pela primeira vez. Ou então, porque não tiveram a oportunidade de frequentar escola bilíngue ou, inclusive, há os que não dominam bem a segunda língua. É importante lembrar que os pais escolhem a escola bilíngue por diversas razões e que, naturalmente, têm expectativas sobre esse tipo de educação. Mas isso não é motivo para você ficar preocupado ou inseguro sobre a primeira reunião, ou outros encontros, que terá com esses pais. É importante encarar o momento como uma oportunidade para mostrar que você, especialista no assunto, sabe o que está fazendo e está preparado para auxiliar os alunos durante o processo de aprendizagem do segundo idioma. Preparamos uma lista com 10 dicas de como formatar e conduzir uma reunião de pais na escola bilíngue:
Descubra quanto tempo você terá para esse encontro.
Deixe sempre uns 10 minutos no final para responder às perguntas e dúvidas dos pais presentes. Não se esqueça de verificar se a reunião deverá ser conduzida em português ou na segunda língua. Cada escola possui uma formalidade para isso. Esteja preparado.
Deixe a ansiedade de lado.
Prepare uma boa pauta, pratique em casa na frente do espelho ou com um colega, peça ajuda aos parceiros de profissão. Isso vai te deixar mais seguro e permitirá que você conduza a reunião com tranquilidade e demonstre seu conhecimento e comprometimento com o assunto. Além disso, essa é uma excelente oportunidade para você ajustar o que precisa falar dentro do tempo estipulado.
Apresente-se dizendo seu nome e sobrenome.
Se tiver um apelido e gostaria de ser chamado por ele, esse é o momento de compartilhar. Lembre-se de verificar antes com a escola qual é o protocolo para isso. Algumas escolas, principalmente as bilíngues, possuem algumas regras para determinar como os professores devem ser chamados – Ms. ou Mr. Sobrenome; Ms. ou Mr. Apelido; Ms. ou Mr. Primeiro Nome; somente primeiro nome, etc.
Fale da sua formação acadêmica e da sua experiência.
Não é necessário compartilhar todos os detalhes do seu currículo, mas é importante mencionar em que você é formado e os principais cursos de especialização que você já tenha feito e que são relevantes para o bilinguismo. Isso vai deixar os pais tranquilos e confiantes de que os filhos estão em boas mãos, e de que você está preparado.
Fale um pouco sobre o processo de aquisição da primeira língua
Lembre os pais de que a criança demora um, dois ou até três anos para falar na língua materna. Ressalte que não é realista esperar que a criança comece a fazer uso do segundo idioma em poucos meses. Se tiver tempo, compartilhe com os pais algumas informações sobre as etapas vivenciadas no processo bilíngue. Costumo sempre orientar os professores a introduzir o assunto mencionando o ‘período de silêncio’. É importante que os pais saibam que esse momento provavelmente será vivenciado pelo seu filho. Depois, informe os pais sobre o desenvolvimento sequencial da aprendizagem da segunda língua, cujas etapas são:
- Quando a criança entra em contato com a segunda língua. É normal que ela continue usando a primeira língua mesmo depois que a segunda foi introduzida (bilinguismo incipiente). Nessa fase não há tentativa nenhuma de usar o segundo idioma.
- Ainda em silêncio, a criança começa um intenso trabalho mental tentando entender o que está acontecendo ao seu redor. É normal que ela se torne mais observadora nesse período, pois está procurando fazer sentido da segunda língua e prestando atenção aos estímulos causados por ela (bilinguismo receptivo).
- Nessa etapa, palavras soltas de grande frequência começam a ser usadas na segunda língua. Depois, a criança junta duas ou três palavras e, então, finalmente começa a reproduzir frases prontas (bilinguismo produtivo).
- Agora a criança começa a testar diferentes estruturas frasais e se torna mais confiante no uso da língua. Ideias completas e mais complexas já podem ser compartilhadas. Daqui em diante, a criança já está familiarizada e confortável com o idioma.
Agora é só investir no seu desenvolvimento! Aproveite esse gancho para informar aos pais o que pode haver mudança de humor e comportamento em qualquer momento do processo. Aconselhe o pai a procurá-lo se houver muitas reclamações sobre a escola.
Comunique aos pais como a segunda língua será introduzida.
Conte para eles quais atividades e recursos serão utilizados na sala de aula e nos outros ambientes da escola (músicas, filmes, rimas, jogos, histórias etc.). Se possível, exemplifique com atividades reais que serão usadas na sua sala.
Valorize a primeira língua da criança
Afinal, é através dela que o novo código linguístico e esquemas cognitivos referentes à segunda língua serão construídos. Informe aos pais que, às vezes, há a interferência da primeira língua na aprendizagem e desenvolvimento da segunda. Essa fase é chamada de interlíngua – em inglês, interlanguage – ou seja, é uma linguagem que está em pleno desenvolvimento e que encontra-se momentaneamente em transição entre um idioma e outro.
Compartilhe com os pais algumas dicas de como ajudar em casa.
Estimule-os a participar do processo vivenciado pelo filho, envolvendo-se e mostrando interesse. Pais que demonstram disposição em saber das experiências do filho criam um vínculo muito mais forte com ele. Encoraje os pais a aprenderem juntos, valorizarem as conquistas da criança, compartilharem sua própria experiência com ela. Livros, músicas, jogos, brinquedos e aplicativos especializados são recomendados em doses razoáveis. Oriente aos pais que evitem sobrecarregar a criança no ambiente doméstico.
Forçar a barra não é saudável.
Lembre os pais que forçar a barra, comparar o filho com outras crianças e colocar expectativas muito altas não é saudável e nem acelera o processo. É preciso calma e cumplicidade entre o professor e os pais para que os benefícios sejam sempre da criança. Mostre-se aberto e disponível para discutir essas questões em uma reunião num outro momento.
Demonstre amor e carinho com a profissão.
Fale devagar, evite termos muito técnicos, escolha palavras apropriadas. Não exponha os alunos (seus ou de outros professores), nem seus colegas de profissão. Fique tranquilo e lembre-se: você é a especialista em educação bilíngue!
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